
Estar casado com alguém diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode apresentar desafios únicos e, muitas vezes, difíceis de lidar no dia a dia do relacionamento. A rotina de uma pessoa com autismo é caracterizada por uma forma peculiar de ver o mundo, o que afeta diretamente a dinâmica conjugal. O parceiro que não é autista pode enfrentar dificuldades com aspectos que parecem simples para outros casais, como a comunicação, a empatia e até a compreensão de sinais emocionais mais sutis.
1. A Empatia e a Falta de Conexão Emocional Um dos maiores desafios enfrentados por quem é casado com uma pessoa autista está relacionado à falta de percepção de sinais emocionais. Pessoas no espectro do autismo, especialmente aquelas com menor grau de empatia cognitiva, podem ter dificuldade em identificar e reagir adequadamente às emoções do parceiro. Isso pode gerar uma sensação de desconexão emocional.
Para o parceiro neurotípico, a expressão facial, o tom de voz e outros sinais não verbais de comunicação são essenciais para se sentir amado e compreendido. No entanto, para o cônjuge autista, esses sinais muitas vezes passam despercebidos ou são mal interpretados. Essa dificuldade pode fazer com que o parceiro se sinta emocionalmente negligenciado, levando a sentimentos de solidão e incompreensão dentro do casamento.
2. Rigidez nos Pensamentos e Comportamentos Outro aspecto que pode criar frustrações em um relacionamento com um autista é a rigidez mental e comportamental que muitas vezes caracteriza o transtorno. Pessoas com autismo tendem a ser extremamente organizadas e apegadas a rotinas. Mudanças inesperadas ou situações que exigem flexibilidade emocional e comportamental podem ser extremamente perturbadoras para elas.
Essa rigidez pode impactar diretamente as decisões cotidianas no relacionamento. O planejamento de férias, jantares em família, ou até mesmo pequenos ajustes na rotina diária podem ser recebidos com resistência, o que pode frustrar o cônjuge não autista, que pode interpretar essa resistência como falta de comprometimento ou desinteresse.
3. A Comunicação no Casamento com um Autista A comunicação é a base de qualquer relacionamento bem-sucedido. No entanto, a comunicação com um cônjuge autista pode ser desafiadora. Pessoas com autismo geralmente têm dificuldades em compreender nuances e metáforas, e podem interpretar as palavras de forma muito literal. Além disso, muitos autistas têm problemas com a reciprocidade social, ou seja, podem ter dificuldade em manter uma conversa fluida e equilibrada, onde ambos os parceiros compartilham suas ideias e sentimentos de maneira equitativa.
Essa dificuldade em comunicar pensamentos e emoções de maneira efetiva pode gerar muitos mal-entendidos. Pequenas discussões podem rapidamente se transformar em grandes conflitos quando o cônjuge não se sente ouvido ou compreendido, enquanto o autista pode não entender por que o parceiro está chateado ou frustrado.
4. A Falta de Flexibilidade e o Impacto na Vida Sexual Outro ponto importante a ser abordado é o impacto do autismo na vida sexual do casal. A rigidez comportamental e a falta de empatia emocional podem afetar a vida íntima do casal. Muitas vezes, o parceiro autista não entende ou não percebe as necessidades emocionais e físicas do cônjuge, o que pode levar a uma desconexão sexual.
Além disso, muitos indivíduos no espectro autista têm hipersensibilidades sensoriais que podem dificultar o toque físico ou intimidade de maneira geral. A falta de toque, ou a sensibilidade exagerada ao mesmo, pode ser um grande desafio na vida sexual do casal, fazendo com que o cônjuge neurotípico se sinta rejeitado ou pouco atraente.
5. O Preço Emocional de Ser Casado com um Autista Casar-se com alguém no espectro do autismo exige um alto nível de compreensão, paciência e dedicação. No entanto, muitas vezes o cônjuge neurotípico acaba assumindo a maior parte da responsabilidade emocional dentro do relacionamento. Esse desequilíbrio pode ser exaustivo e gerar ressentimento ao longo do tempo, principalmente quando o cônjuge sente que suas necessidades emocionais não estão sendo atendidas.
Muitas pessoas casadas com um autista relatam sentimentos de isolamento e solidão, pois não conseguem compartilhar os mesmos interesses ou ter o nível de intimidade emocional que desejam. Isso pode fazer com que o parceiro se sinta desvalorizado e não amado.
Como a Terapia de Casal Pode Ajudar A boa notícia é que os desafios enfrentados por casais onde um dos parceiros é autista não precisam ser enfrentados sozinhos. A terapia de casal pode ser uma ferramenta eficaz para ajudar o casal a lidar com as dificuldades diárias, melhorar a comunicação e fortalecer o vínculo emocional.
Na terapia, o casal pode aprender estratégias de comunicação que funcionam melhor para o cônjuge autista, ajudando a minimizar mal-entendidos e conflitos. Além disso, a terapia oferece um espaço seguro onde ambos os parceiros podem expressar suas frustrações e necessidades, e trabalhar juntos para encontrar soluções práticas.
Outro benefício da terapia é que ela ajuda a criar empatia e compreensão. O cônjuge neurotípico pode aprender a entender melhor os desafios que o parceiro autista enfrenta, enquanto o cônjuge autista pode desenvolver estratégias para melhorar sua compreensão das necessidades emocionais do outro.
Atendimento Online para Casais: Uma Solução Prática Com a correria do dia a dia, muitos casais podem achar difícil encontrar tempo para se deslocar até um consultório para fazer terapia. É por isso que o atendimento online oferece uma solução prática e conveniente. Ao optar pela terapia online, você pode realizar as sessões no conforto da sua casa, sem o estresse de deslocamentos ou de organizar a agenda.
O atendimento online também permite que casais de qualquer lugar do Brasil ou do mundo tenham acesso ao tratamento, independentemente de onde estejam. Isso é especialmente útil para casais que vivem em diferentes locais ou que têm uma rotina de trabalho intensa.
Se você está enfrentando dificuldades no seu relacionamento devido ao Transtorno do Espectro Autista, não espere até que as coisas se agravem. A terapia pode ser o primeiro passo para restaurar a harmonia no relacionamento, melhorar a comunicação e construir um futuro mais equilibrado e feliz juntos.
Psicóloga Nivia Serra - CRP 05/50281
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