Disfunções Sexuais: Quando a Mente Interfere no Prazer
- niviaserrapsi
- 20 de out.
- 4 min de leitura
Por que algumas pessoas travam na hora H — mesmo desejando viver o prazer plenamente

Você já se perguntou por que, mesmo sentindo desejo, o corpo às vezes parece “desligar” no momento íntimo?Muitos homens e mulheres passam por isso. O desejo existe, a vontade está ali, mas algo acontece — a mente entra em cena e o prazer desaparece.
Esse fenômeno, conhecido como disfunção sexual, tem uma base muito mais cognitiva e emocional do que física. E é justamente isso que a Terapia Cognitivo-Sexual ajuda a compreender e tratar: como pensamentos, crenças e emoções moldam — e às vezes bloqueiam — a resposta sexual.
O papel da mente na resposta sexual
O modelo cognitivo-afetivo proposto por Barlow (1986) revolucionou a forma de entender as disfunções sexuais.Ele mostrou que a ansiedade de desempenho, mais do que uma simples tensão, redireciona o foco da atenção: em vez de estar voltada para os estímulos eróticos, ela se concentra em preocupações com o próprio desempenho, medo de falhar ou de não corresponder às expectativas.
Essa mudança de foco é o que interrompe o ciclo do prazer.Quando a mente está ocupada com pensamentos como “será que vou conseguir?”, “e se ele(a) não gostar?” ou “meu corpo não está respondendo direito”, o corpo interpreta essas dúvidas como ameaças, e o sistema fisiológico reduz a excitação.Ou seja: o corpo reage à mente — e o prazer se esvai.
O ciclo cognitivo das disfunções sexuais
Barlow descreve um processo que se retroalimenta:
Ansiedade de desempenho gera atenção excessiva à resposta corporal.
Monitoramento da própria excitação interfere na espontaneidade.
Menor atenção aos estímulos eróticos reduz a excitação fisiológica.
Frustração e crenças negativas reforçam a sensação de fracasso.
Com o tempo, esse ciclo se transforma em um padrão automático: a pessoa se antecipa ao fracasso, ativa pensamentos catastróficos e evita situações íntimas, acreditando que “não vai conseguir”.
Esquemas e crenças que bloqueiam o prazer
Pesquisas mais recentes (Brosco & Barlow, 1996; Nobre & Pinto-Gouveia, 2009) apontam que indivíduos com disfunções sexuais carregam crenças rígidas, irreais e inatingíveis sobre o sexo e o próprio desempenho.São ideias como:
“O sexo precisa ser perfeito para valer a pena.”
“Homem sempre precisa estar pronto.”
“Mulher que sente muito prazer é vulgar.”
“Se eu não excitar meu parceiro, é porque sou inadequado(a).”
Esses pensamentos criam interpretações distorcidas e autocríticas que levam à evitação, ao medo de errar e à vergonha da própria sexualidade.A consequência? Uma visão negativa sobre si mesmo, o parceiro e o ato sexual — e a disfunção se perpetua.
A importância da autorregulação sexual
Um dos grandes diferenciais entre quem tem e quem não tem disfunção sexual é a capacidade de autorregular a própria resposta sexual.Isso significa lidar com a ansiedade, redirecionar a atenção e ajustar as expectativas diante da experiência íntima.
Quem desenvolve essa habilidade consegue permanecer conectado ao momento presente, aos estímulos eróticos e às sensações corporais — e não preso ao medo de fracassar.
Na terapia, trabalhamos justamente essa autorregulação: identificar pensamentos automáticos, compreender o impacto das crenças e treinar o foco atencional para que o prazer volte a acontecer de forma natural.
Quando o corpo desliga, mas a mente continua ligada
Estudos mostram que a excitação fisiológica só se mantém quando a atenção está voltada ao prazer.Mas indivíduos com disfunção sexual, ao perceberem uma falha ou pequena diferença entre o que esperavam e o que sentem, tendem a se desligar — e a mente entra em modo de autocrítica e evitação.
Em outras palavras: quanto mais a pessoa tenta “forçar” o prazer, mais o prazer se distancia.Isso porque a resposta sexual não acontece sob pressão; ela precisa de entrega, aceitação e conexão emocional.
As emoções e a sexualidade: o papel da ansiedade e do afeto
A literatura recente mostra que a ausência de emoções positivas — como alegria, desejo, ternura — está tão ligada às disfunções sexuais quanto a presença da ansiedade.Ou seja, não é apenas o medo que bloqueia o prazer, mas também a falta de experiências afetivas e eróticas prazerosas.
Pessoas com histórico de frustração, rejeição ou crítica constante tendem a associar o sexo à tensão, e não ao relaxamento.Assim, o corpo aprende a reagir com alerta e defesa, em vez de prazer e excitação.
Mulheres e homens vivenciam de forma diferente
Nas mulheres, as disfunções sexuais costumam estar associadas à baixa autoimagem corporal, medo de não agradar e dificuldade em entrar em contato com o próprio desejo.Já nos homens, a principal fonte de ansiedade está na performance — o medo de falhar ou “não dar conta”.
Apesar das diferenças, a raiz é a mesma: expectativas irreais e autocríticas que minam o prazer.
Como a terapia cognitivo-sexual pode ajudar
A Terapia Cognitivo-Sexual trabalha justamente a reestruturação desses pensamentos automáticos e crenças disfuncionais.Por meio de técnicas baseadas em evidências, como:
Análise de pensamentos;
Teste de realidade e questionamento socrático;
Treino de foco atencional e redirecionamento cognitivo;
Psicoeducação sobre o ciclo sexual e o papel da ansiedade.
O objetivo é reconstruir a relação entre mente e corpo, criando novas associações positivas com o prazer, a intimidade e o próprio corpo.
O prazer é aprendido — e pode ser reaprendido
É possível reaprender a sentir prazer.Quando você entende o papel da mente na resposta sexual e começa a se libertar de crenças limitantes, o corpo responde de outra forma: com mais espontaneidade, sensações e presença.
A sexualidade saudável não é ausência de falhas — é aceitar o próprio ritmo, confiar nas sensações e viver o encontro com autenticidade.
Se você sente que o prazer sumiu, saiba: isso tem tratamento
Se a ansiedade, o medo de falhar ou o bloqueio do prazer têm afetado sua vida sexual, é importante saber que não há nada de errado com você — há apenas um padrão cognitivo e emocional que pode ser transformado.
Com a Terapia Cognitivo-Sexual, é possível reconstruir sua confiança, redescobrir o prazer e fortalecer a intimidade com o parceiro(a).
Psicóloga Nívia Serra – CRP 05/50281
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